Sou fascinado pelas histórias e vida dos mártires, pietistas (não confunda com PTista), puritanos, avivalistas e missionários cristãos dos séculos passados, relendo “A mortificação do Pecado” de John Owen (1616-1683) um renomado teólogo puritano que ensinou sobre a importância de lutar contra tendências e atitudes pecaminosas, me deparei com Wiliam Carey que é considerado o pai das missões Protestantes, fundador de uma sociedade missionária que teve seu início em 1792, 275 anos após Martinho Lutero ter afixado as Noventa e Cinco Teses à entrada da Igreja de Wittemberg em 1517.
Essa sociedade foi um veículo Protestante importante para o envio de missionários ao mundo não Cristão.
William Carey estava, na verdade, seguindo os passos dos missionários morávios, pessoas simples que não tinha tanto conhecimento teológico, mas que influenciaram e viveram de forma tão intensa no século XVIII.
É sobre estes irmãos Moravianos que gostaria de compartilhar algumas verdades com você.
A história dos Moravianos (Hoje República Checa) antecede à Reforma. Conhecidos originalmente como os Unitas Fratrum, ou a Unidade dos Irmãos, esses cristãos Checos foram os seguidores do mártir John Huss, um Reformador antes da Reforma.
Ele foi martirizado em 06 de julho de 1415, e os Moravianos honram sua morte no calendário deles ainda hoje.
Após a morte de Huss, seus seguidores, que foram muitas vezes conhecidos como Hussitas, ou como os Irmãos Boêmicos, experimentaram um verdadeiro ressurgimento.
Eles se reorganizaram no ano de 1457, e no tempo da Reforma havia entre 150 a 200 mil membros em quatrocentas igrejas por toda a Europa Central.
Mas, no levante das guerras dos 1600, a Boêmia e Morávia (República Checa) foram dominadas por um rei católico romano, o qual desencadeou uma terrível perseguição contra os Moravianos.
Quinze de seus líderes foram decapitados. Os membros da igreja foram mandados para os calabouços e às minas para trabalhos forçados.
As escolas deles foram fechadas. Bíblias, hinários, escritos históricos foram totalmente queimados. Foram todos espalhados. De fato, 16 mil famílias repentinamente se tornaram refugiadas. Por quase cem anos procuravam fugir da perseguição. Por causa disso formaram uma poderosa rede de cristãos “clandestinos” através de pequenos grupos.
Algo que me chamou atenção na historia destes corajosos Moravianos foi que eles, eram profundamente dedicados ao Senhor Jesus Cristo e a sua causa sendo extremamente cristocêntricos.
Os Moravianos abriram o ministério a pessoas simples, diferentemente dos pietistas primitivos, não eram altamente educados nem teologicamente treinados. Eram comerciantes. Sendo que os dois primeiros missionários que foram enviados eram coveiros por profissão!
As próximas duas pessoas que enviaram, um era carpinteiro e o outro, oleiro. Os Moravianos abriram o ministério ao leigo e a ministração às mulheres, antecipando Hudson Taylor nessa questão mais de cem anos antes.
Criaram a estratégia missionária de fazedores de tendas, seguindo o exemplo de Paulo e assim auto sustentando suas viagens e suas missões.
Os Moravianos por serem pessoas sofredoras, podiam facilmente se identificar com aqueles que sofriam. Viviam na periferia da sociedade. Eles iam àqueles que eram rejeitados por outros.
Eram sensíveis ao Espírito Santo e se dirigiam às pessoas receptivas ao evangelho.
Eles colocavam o crescimento do Reino de Cristo acima de qualquer expansão denominacional. Atitude rara em nossos dias, onde a placa denominacional é mais importante do que o Reino de Deus, valorizamos mais nossas igrejas oriundas da divisão e diferenças teológicas. Somos o único grupo que cresce pela divisão e não pela unidade, por isso existem tantos evangélicos doentes, e anêmicos espirituais, pois estão mais preocupados com o crescimento da horta do seu quintal do que com a Seara que está branca para a Colheita. Há uma disputa pelo melhor Ministério de Louvor, pela maior igreja da cidade, pelo melhor programa gospel, quanta perda de tempo, enquanto as almas estão famintas pela simples Palavra de Deus.
A obra missionária Moraviana era regada de oração. Quando o avivamento espiritual ocorreu em 1727, começaram uma vigília de virada de relógio, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano.
Durante este avivamento espiritual, dois jovens Moravianos, de 20 anos ouviram sobre uma ilha no Leste da Índia onde 3000 africanos trabalhavam como escravo e cujo dono era um Britânico agricultor e ateu.
Esses jovens fizeram contato com o dono da ilha e perguntaram se poderiam ir para lá como missionários, a resposta do dono foi imediata: “Nenhum pregador e nenhum clérigo chegaria a essa ilha para falar sobre essa coisa sem sentido”.
Então eles voltaram a orar e fizeram uma nova proposta: “E se fossemos a sua ilha como seus escravos para sempre?”, o homem disse que aceitaria, mas não pagaria nem mesmo o transporte deles. Então os jovens usaram o valor de sua própria venda para custear sua viagem.
No dia da partida para ilha, as famílias estavam reunidas no porto para se despedirem dos jovens. Houve orações choros e abraços, amigos e familiares puderam dar o último adeus para seus irmãos.
E algumas pessoas falaram: porque vocês estão fazendo isso? Vocês nunca mais irão ver seus familiares e amigos, e vão ser escravos para o resto de suas vidas!
Mas quando o barco estava se afastando do porto os dois jovens levantaram suas mãos e declararam em voz alta: “Para que o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa por seu sacrifício através das nossas vidas.”
O que estremece a minha alma é a gratidão que estes irmãos tinha com Deus pelo sacrifício de Cristo no Calvário, a sinceridade intensa na oração e amor pelos perdidos.
Não estavam preocupados em conhecimento, diplomas ou com o crescimento das suas igrejas e placas denominacionais, mas a palavra deles era demonstração do poder de Deus.
Deixaram de olhar para seus umbigos e começaram a ver a necessidade daqueles pelo qual Cristo foi crucificado.
A Grande Comissão é hoje na Igreja a GRANDE OMISSÃO, pois sabemos o que se deve fazer e não fazemos, estamos preocupados com a nossa vidinha e com o crescimento da Nossa Obra, esquecendo daqueles que cambaleiam mortos indo para o inferno.
Que a mesma chama que inflamava estes irmãos Moravianos, venha acender em meu coração, para que eu seja mais ousado e corajoso a clamar:
Que o Cordeiro que foi imolado receba através da sua vida integral a recompensa pelo seu sofrimento!
“Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si.”
Isaías. 53:11
Adualdo Rodrigues
Porto Velho - RO
Referências
.The Moravians and Missions: de Kenneth B. Mulholland – Seminary of Columbia ,April 1999
.A mortificação do Pecado – Jonh Owen – Séc. XVII
.Que o Cordeiro receba - Ricardo Robortella - Clamor pelas Nações
www.espaco-comum.blogspot.com
www.adualdo.multiply.com/journal
“Aquele que prega arrependimento está-se colocando contra este século, e enquanto insistir nisso será impiedosamente atacado pela geração cuja fraqueza moral aponta. Para tal tipo de pessoa só existe um fim: “Sua cabeça vai rolar!” É melhor ninguém começar a pregar o arrependimento enquanto não confiar sua cabeça ao céu”. Joseph Parker
Sem DEUS somos apenas pó!
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
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